Renovar-se para viver

Não escrevo artigos de cunho religioso e respeito todas as religiões que sinceramente pregam o bem. Porém, algumas datas de comemorações religiosas me fazem refletir sobre o significado que possuem. A Páscoa é uma delas.

O que entendo sobre a Páscoa é seu sentido de renovação, renascimento. Durante a vida, quantas vezes não precisamos renascer, nos renovar? Abandonar velhas estruturas, maneiras de ser, para adotar novas, diferentes? É algo fundamental para que continuemos vivos de maneira gratificante.

O ser humano geralmente não gosta de mudanças. Mudar-se ou mudar algo significa "matar" uma antiga estrutura, postura, jeito de ser, pensar, agir, para começar algo novo, portanto ainda não inteiramente conhecido, às vezes nada conhecido. Somos resistentes a novos inícios, nos acomodamos em muitas ocasiões, por temermos mexer no que, por pior que seja, já nos é familiar. Claro, há vezes em que a situação está tão ruim, tão claramente demandando modificações, que as mudanças são desejadas e bem-vindas, mas o usual é que tentemos ao máximo nos prender ao que já está estabelecido.

Mudar por mudar, não é essa a questão. Mudar, renovar, é necessário sempre que significar uma melhora, uma libertação, mais maturidade, crescimento, mais alegria de viver. Há quem deliberadamente viva se reinventando, mudando sua vida, não porque realmente enxerga uma necessidade positiva nisso, mas porque não consegue, ou não quer, se dedicar sinceramente a um empreendimento. Isso se faz por medo de responsabilidades, de vínculos, por autossabotagem para não se estabelecer e crescer. Mas não é esse sentido que quero destacar, e sim aquele de que sejamos conscientes de que, sempre que for necessário, façamos um esforço para superar o medo do novo, de tentar, e sigamos novos e melhores rumos para nós e nossas vidas.

Pessoas passam anos reclamando, cometendo os mesmos erros, numa mesma rotina por vezes sufocante, porque acham que se tentarem mudar de vida e de comportamento será pior, que não tem jeito mesmo, melhor se resignar e aceitar o que têm... Isso é uma pena. Quantas chances de ter uma vida melhor são desperdiçadas, por temor, ideias erradas de incapacidade, falta de conhecimento do próprio potencial. Aliás, mais uma vez, é o autoconhecimento que nos dá elementos para saibamos o que somos, queremos, como e quando devemos alterar nossos roteiros de vida e a nós mesmos.

Para aqueles que acreditam, Jesus Cristo ressuscitou. A ideia de ressurreição é interessante para todos, independente de serem cristãos ou não, para quando sentirem que precisam de mudanças em suas vidas. "Morrer" para uma situação ruim e "ressuscitar" para uma melhor. Com consciência, ouvindo seus medos, pois eles podem dizer algo de positivo, mas não se deixando dominar pelo medo que paralisa, diferente daquele que adverte e faz ser cauteloso. Com confiança em si, em seu potencial e seus conhecimentos, ciente de sua força para superar obstáculos e seguir em frente.

Não há becos sem saída na vida, com exceção daqueles que imaginamos para nós. Há a chance de renascer para uma existência melhor. Isso depende da vontade própria e de quanto nos conhecemos para prosseguir da melhor maneira possível, sem tantas cobranças de ter de acertar sempre o tempo todo.

Ser livre para renovar-se sempre que perceber a necessidade. Uma grande conquista interior que nos torna mais felizes, fortes e preparados para a vida.

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Marcus Facciollo

Minha foto Desde 1994, vem investindo no crescimento pessoal, autoconhecimento e melhor entendimento da vida e do ser humano, seja por meio de cursos (como os da Fundação ACL) ou de (auto)análise. Desde criança, tem vocação para escrever e para o mundo das letras, área na qual é formado. Trabalha atualmente como revisor de textos e publica textos de sua autoria nas áreas de comportamento humano, relacionamentos e autoconhecimento. Lança em breve seu livro "A vida pode ser mais leve", coautoria com Sérgio Fernandes.
E-mail: marcusmf@gmail.com

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